terça-feira, 7 de julho de 2009

Carta de intenções.

Caro amigo Duda,
Agradeço a você a oportunidade de participar deste blog. Se dependesse dos meus parcos conhecimentos de informática, nem estaria escrevendo neste computador, que também é resultado de sua ajuda de especialista. Enfim, chega de bajulação e vamos ao que interessa.

Espero usar este espaço de forma bastante livre, discorrendo sobre assuntos tão diversos como cinema, literatura, música clássica, artes plásticas, mitologia, religiões. Eventualmente, considero a possibilidade de incluir uma poesia ou um pequeno conto. Comentários sobre fatos do dia-a-dia também farão parte. E tantos assuntos quanto eu tiver vontade. Até mesmo psiquiatria e psicanálise. O até mesmo é por conta de que não quero aborrecer nem o leitor eventual nem meus amigos com uma exploração burocrática da minha profissão - somente idéias próprias, claras e interessantes devem ter lugar (obs: cultores da reforma ortográfica hão de me perdoar idéia com acento – para mim, idéias sem acento, como lâmpadas queimadas, não iluminam nada).

Talvez pareça redundante dizer que parto de um determinado ponto de vista. Acho necessário ser redundante porque no mundo atual pontos de vista parecem seguir o caminho dos dodôs e dos dinossauros. Assim, para fins de clareza, aí vai minha posição pessoal. Em primeiro lugar, adoto uma perspectiva anti-relativista. Mais uma aparente obviedade, que infelizmente escapa aos pós-modernos: sem algum referencial, é impossível emitir qualquer julgamento. Se, como querem Foucault e companhia, toda verdade é um discurso construído pelos detentores do poder, então a visão foucaldiana é também um discurso fabricado pelos poderosos dos meios universitários, principalmente brasileiros e franceses, que imitam o ilustríssimo filósofo careca.

Meu anti-relativismo é de base humanista – um humanismo radical que se pauta na luta diária que cada indivíduo deve empreender buscando a auto-superação, no sentido de um desenvolvimento moral que deve permanecer como meta até o fim da vida. Valores como solidariedade, respeito, amizade, confiança, verdade, bondade, beleza, sejam eles construções humanas ou reflexos de um mundo ideal ao modo de Platão ou da religião, fundamentam minhas posições.

Posições que ficarão mais claras quando eu parar de filosofar e começar a abordar questões mais concretas. A primeira, que prometi a você, meu caro Duda, é um comentário sobre o filme Quem quer ser um milionário, que tivemos a infelicidade de ver juntos. A companhia era boa, já o filme... Bem, há uma cena que para mim resume bem a essência do filme – a cena em que um menino mergulha no conteúdo de uma fossa, ficando coberto de excrementos. Curiosamente, um grande admirador do filme e do diretor, com quem tive oportunidade de conversar, também destacou esta cena como uma das mais importantes, e chegou a me dizer que mergulhos na merda são uma espécie de marca registrada do diretor. Enfim, há gosto para tudo. Antigamente a coprofilia estava incluída no grupo das perversões – hoje, faz sucesso nos cinemas.

Brincadeiras à parte (às vezes me pergunto se é possível fazer humor diante de um tal nível de mau gosto), tentarei ser objetivo. Espero ajudar algum leitor desavisado de se poupar de perder seu tempo com este filme. O comentário completo fica para a próxima.
Desculpem a prolixidade e o tom sério. Um abraço para todos.
Roberto.

Um comentário:

  1. Que maravilha!! Aí está o primeiro post de muitos, espero. E ainda usou o espaço para falar mal daquela meleca de filme, mais eficiente impossível.
    Ficou jóia!

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